Curando nossa ancestralidade feminina

“Estas são as razões que fazem tão necessária a ruptura da cadeia de dor e cicatrização íntegra de nossos vínculos, ou as lembranças que temos deles. Devemos estar cientes de que estes vínculos se tornaram espirituais há muito tempo e, portanto, cabe a nós fazermos as pazes com eles.”

Christiane Northrup

A Tríade do Autoconhecimento

Na busca de ajudar a mulher a mergulhar profundamente em si, descobrir sua sacralidade, entender as várias construções culturais que sofremos e a pressão da estrutura patriarcal, nós Guardiãs do Círculo de Mulheres – Cotia, decidimos seguir uma sequência especial de três encontros a fim de criar um caminho de autoconhecimento:

  • Em fevereiro falamos sobre a menstruação (clique aqui para ler o artigo), para que a mulher percebesse a beleza de seu ciclo, tão demonizado, e descobrisse como muitas de nossas questões (físicas, mentais e emocionais) são sanadas quando acolhemos e honramos cada uma de suas fases. Neste momento ela começa a tomar contato consigo mesma e com os tabus que foram implantados sobre o seu corpo.
  • Em março, falamos sobre nossa ancestralidade, sobre as dores e dificuldades que as mulheres de nossa família (mães, tias, avós, bisavós…) carregaram e que ainda reverberam em nossos corpos e histórias. Com isso, a mulher passa a ter noção da estrutura em que está inserida e como uma série de crenças e medos foi incutida pela sua história familiar.
  • Em abril, falamos sobre o Sagrado Feminino, como a faceta feminina de Deus foi suprimida pelas religiões patriarcas, as construções negativas da mulher nas religiões, a importância dos Círculos de Mulheres e a ancoragem de sermos tão divinas quanto os homens. Desta forma a mulher passa a ter finalmente uma visão global de toda a construção e opressão do patriarcado na sua própria vida e na vida das demais mulheres, se tornando mais consciente e empoderada na hora de tomar decisões e ressignificando vários discursos que repete sem mesmo se dar conta.

O Círculo de Mulheres – Cotia se reúne todo primeiro sábado do mês, às 16h, no espaço do Estúdio Terapia Pilates, com endereço a Rua Alga Marinha, 15, sala 23, Vila Monte Serrat, Cotia, SP.
Para mais informações, entre no nosso grupo virtual no Facebook.

As nossas dores ancestrais

“Ao longo de gerações, mães feridas têm pedido de forma inconsciente às suas filhas para compensá-las por aquilo que a sociedade patriarcal e as suas famílias não lhe deram: um sentido de propósito, controle ou validação pessoal.”

Bethany Webster

Somos a intersecção de uma grande rede de pessoas, os nossos ancestrais. Carregamos em nossos corpos físicos, mentais e energéticos histórias, dores, dramas, conflitos, questões, dificuldades, abusos, medos e crenças que fizeram parte da trajetória pessoal e familiar deles.

Nossa sociedade atual trabalha em um movimento individualista, que afasta as famílias e desemboca no esquecimento dos idosos e das histórias familiares. Com isso, perdemos elementos importantes para análise de nossa vida e de nossa bagagem consciente e inconsciente. Perdemos a possibilidade de comparar eventos atuais com possíveis situações anteriores similares e traçarmos a repetição de fatores entre as gerações.

Analisar a história de nossas mães, tias, avós, bisavós, pode trazer à luz uma série de crenças e dificuldades que temos e para as quais não encontramos resposta ou embasamento. Pode colocar uma nova perspectiva à forma com que nos relacionamos com o Masculino, em especial nossos parceiros e filhos, e às autoridades em geral. Pode explicar medos e dores que sentimos sem um motivo real. Pode mostrar que essa linhagem pede a cura e o encerramento de um comportamento nocivo ou um círculo vicioso de erros, para que eles não cheguem até as próximas gerações.

Vivemos em tempos privilegiados, em que cada vez temos mais acesso à informação e podemos nos posicionar com um pouco mais de facilidade que nossas ancestrais. Não afirmo que chegamos ao paraíso, mas podemos pavimentar neste momento um caminho mais saudável e potencializador para as nossas descendentes porque temos mais conhecimento e possibilidades de cura de séculos e séculos de abusos, humilhações, descasos, violência física e emocional, mandos e desmandos que nossas ancestrais sofreram. Podemos hoje curá-las, onde quer que estejam, e criar um caminho mais leve e empoderado para as nossas filhas, sobrinhas, netas e bisnetas. Hoje podemos ser o grande ponto de mutação dessa linhagem.

Cada família carrega sua história e desafios, alguns perdidos no tempo, outros mais presentes. Cabe a cada mulher analisar os eventos de forma isenta e de peito aberto, verificar as necessidades que não foram atendidas e os abusos ocorridos, buscar, sem julgamento, as dores que ainda latejam e que pedem cura, promover a libertação dessas ancestrais e garantir a limpeza da linhagem para as suas descendentes. Tudo isso com amor, carinho e na medida de seu conhecimento, sem pressão. Esse lindo trabalho acontecerá pouco a pouco, tendo todas as mulheres envolvidas assumindo seu lugar nessa grande mandala de sanação.

Com isso liberamos as culpas, dores e teias emocionais, além de honrarmos nossas ancestrais, seus esforços, sua força, sua integridade, suas almas e corações, integrando-as em nossa vida e transformando todas essas lições em instrumento e luz para auxiliar nosso caminho e propósito de vida.

 

Oração de liberação da dor ancestral da linhagem feminina

Amadas mães, avós e irmãs…
Hoje e para sempre
Soltamos as recordações dolorosas que nos unem àqueles atos, pensamentos e sentimentos presentes na nossa linhagem feminina, onde está envolvida a linhagem masculina em seus piores aspectos.

Pelos maus tratos à nossa Essência Feminina em palavras, atos, pensamentos e sentimentos.
Eu sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.

Onde a obrigação estava acima do amor
Onde a indiferença era aceita como algo “lógico” pelas nossas tarefas cotidianas.
Eu sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.

Quando o descanso quase não existia, pois nosso ritmo de trabalho era muito além do nascer e do pôr do sol.
Eu sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.

Quando o amor do homem para a nossa Essência Feminina era um ato para sua satisfação pessoal, esquecendo nossos sentimentos profundos de amor, nossa entrega cotidiana, nosso amor em silêncio apesar da desvalorização, a indiferença e a falta de amor.
Eu sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.

Pelas memórias ancestrais de toda a nossa linhagem feminina familiar e mais além dela.
Eu sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.

Pela cura total, pela liberação total de toda ferida de ontem e de hoje.
Eu sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.

Hoje e para sempre nos perdoamos, nos amamos no respeito absoluto da nossa Essência Divina Feminina, para ser fonte viva de amor ilimitado.
Curando todo ressentimento.
Perdoando cada ferida recebida.
Amando a todos por igual.
Eu sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.

Renascemos em nós mesmas em nossa nova Linhagem Divina Feminina onde a paz, o amor, a compaixão e a misericórdia como laços de cura unem o separado, cicatrizam o machucado, soltam o rancor e a ira.
Renasce em equilíbrio perfeito onde o Feminino e o Masculino são livres, sãos e complementares.
Amantes do Amor Ilimitado.
Assim é, assim está feito.

Tradução livre por Elisa Rodrigues de Oración de liberación del dolor ancestral del linaje femenino de Ashamel Lemagsa

No nosso Círculo

“A nossa mãe é o nosso primeiro encontro com a Força Feminina. A nossa experiência emocional com a nossa mãe inicia a nossa relação com tudo o que é feminino. O bem estar da nossa mãe e o estado do seu corpo emocional influencia-nos profundamente.”

Noordev Kaur

Justamente pelas peculiaridades de cada história e as lições individuais, optamos por fazer três vivências a fim de que as mulheres entrassem em contato com suas ancestrais e com as lições que elas traziam.

Essas vivências foram gravadas e colocadas aqui em sua sequência.

Após isso, formou-se novamente o Círculo para trocas de experiências e sensações, vindo à tona insights e lições, percepções sobre suas famílias e a forma como o Masculino e o Feminino se manifestaram nelas. Foi um trabalho profundo que transcendeu as palavras e repercutiu em níveis que possivelmente não serão verbalizados.

Vivências

“Cada dupla de mãe e filha é reeditada na geração seguinte; o que estava no palco na geração anterior, se não houve nenhum trabalho de elaboração dos conflitos e das dificuldades, tende a se repetir de uma maneira desconcertante na próxima.”

Marina Ribeiro

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Vivência inspirada no artigo Cerimônia dos Ancestrais – Rompendo padrões ancestrais e familiares negativos

 

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Vivência traduzida livremente do vídeo Borrando memorias con la madre por Vivi Cervera

Para saber mais / Referências:

Cerimônia dos Ancestrais – Rompendo padrões ancestrais e familiares negativos

Xamanismo mostra o que precisa aprender com seus ancestrais

Oración de liberación del dolor ancestral del linaje femenino

Mães e filhas: o vínculo que cura, o vínculo que fere

A difícil relação Mãe-Filha

Borrando memorias con la madre por Vivi Cervera

Quando a Lealdade às nossas Mães significa Lealdade à nossa opressão: como nos libertarmos por Bethany Webster

Mães carregam em seus ventres e podem acessar os registros de Perfeição Divina de seus filhos