Honrar as influências que nos formam

Este texto foi publicado originalmente no jornal “Tablóide de Vargem Grande Paulista”

 

Somos fruto de muitos. Muitos povos, muitos gestos, muitos saberes, muitas dores e muitas lutas.

Temos nossa ancestralidade pessoal, aquela formada diretamente por mães, avós, bisavós. Mas temos nossa ancestralidade como país, aquela formada pelos muitos povos que para cá vieram, querendo ou não, e formaram a nossa cultura, nossos hábitos e nossos gostos.

E do mesmo jeito que dentro de nós valorizamos algumas influências e renegamos outras, fazemos o mesmo com a nossa formação como povo. Alguns povos imigrantes são lembrados como festas e museus, mas outros seguem marginalizados em nossa sociedade e em nossas almas. Não por acaso, geralmente aqueles que têm um histórico de dor que acompanha a sua contribuição.

Hoje, venho honrar em especial a contribuição dos negros e indígenas à minha (nossa) formação. Como brasileira, o que faço e vivo também tem a mão deles. A força deles permeia a minha espiritualidade, minha comida, minha garra e minha relação com a natureza.

Honrando dentro de mim todas as minhas influências pessoais e comunitárias, honro externamente todos que formaram o caminho por onde hoje piso.

Honrando externamente todos os povos que nos formaram, honro dentro de mim todas as pessoas que fizeram parte da minha história.

E assim, me abro para fazer parte do grande Círculo de Cura pelas nossas relações. Aha!