Mulher, Negócios e Alma

As últimas décadas foram marcadas pela entrada feminina no mundo profissional. Passamos a buscar qualificação acadêmica e espaço no mercado de trabalho. Quisemos ter nossa carreira, nossos negócios, nosso legado e lutamos por vagas em faculdades, empresas e instituições.

Invertemos de tal forma os papéis femininos na segunda parte do século passado que hoje é inconcebível para muitos grupos que uma mulher não trabalhe, não estude e queira ficar em casa. Somos treinadas para estudar e ter uma profissão. Muitas, inclusive, são instigadas para grandes carreiras de sucesso. Obrigatoriamente.

Desta forma caímos na cilada de um segundo processo de negação. Na ânsia de nos contrapor às opressões que nossas ancestrais sofreram, nos forçamos a entrar no mercado de trabalho e “jogar o jogo” que tem regras criadas pelos homens. Nesse processo podemos nos masculinizar (emocionalmente falando) e rejeitamos todas as características e situações que remetiam às mulheres do passado. Negamos a possibilidade de mãe, esposa e/ou dona de casa ser o papel principal de uma mulher por opção. Entramos em uma segunda ditadura: a de que uma mulher tem que ser independente.

Atitudes maternais, sentimentais, abnegadas e emotivas passaram a ser mal vistas por profissionais, tidas como “coisas de mulher” – como se tudo o que tem a ver com mulher fosse uma coisa negativa. Temos que ser ágeis, independentes, assertivas, competitivas, fortes e emocionalmente distantes – características que são em tese mais “masculinas”. Ou seja, pagamos um preço alto por estarmos nessa condição de “igualdade” como os homens, o preço de negarmos uma parte da nossa essência feminina.

Veja bem, não digo que isso não foi necessário. Foi o jeito que encontramos de entrar no jogo. Mas, a partir de agora, creio que temos que começar a buscar uma real igualdade – a de termos acesso igual às oportunidades, mas de que somos diferentes na forma de fazer e gestar as coisas.

Muitas mulheres chegaram hoje a uma posição de sucesso em suas carreiras e um número considerável delas não ficou satisfeita ao chegar lá. Perceberam que se deixaram de lado para conquistar algo que esperavam delas. Essas mulheres, somadas às jovens antenadas que estão entrando no mercado de trabalho agora, estão questionando o modelo de sucesso e negócio apresentado pelo mundo profissional. Queremos fazer negócios sim, mas de um jeito feminino.

Somos comunitárias, intuitivas, multipotenciais e multifacetadas. Queremos equilíbrio entre a nossa vida pessoal, profissional e de alma. Não acreditamos em uma única métrica para o sucesso. Nosso propósito de vida vai muito além de dinheiro, cargo, status. Queremos ter saúde, cuidar dos filhos, ter um relacionamento saudável e uma vida profissional que espelhe quem somos e que faça sentido para nossa alma.

O jeito feminino de fazer negócios é diferente das regras empresariais vigentes até hoje. Podemos abrir mão de um pouco de lucro por uma dose de satisfação pessoal e do outro. Queremos o sucesso da nossa empresa, mas também que ela contribua para o mundo que sonhamos. O cargo do sonho pode ser a mesa de casa, com horário flexível e convivência com a família. Nossa jornada de trabalho pode ser um dia por semana, para que possamos viver nosso papel principal mais desejado, seja ele qual for. E está tudo bem.

Esse é um território novo, em elaboração. Estamos no estágio dois: já sabemos que podemos conquistar nosso espaço, mas agora ele tem que fazer sentido. Muitos modelos de negócios e casos de sucesso nesses novos moldes têm pipocado pelo mundo empresarial. Mulheres que subverteram as regras e montaram sua profissão ou empresa do seu jeito, adaptada à necessidade de ser o que querem ser. Mas ainda assim não é algo que nos ensinam nas escolas de negócios. Vivemos expostas ainda aos modelos antigos, masculinos.

 

Para discutirmos empreendedorismo feminino e esse novo mundo empresarial, eu, Elisa Rodrigues, facilitadora e Guardiã de Círculo de Mulheres, juntamente com Zuleica Souza, fundadora da Valência Treinamento e Consultoria Empresarial e especializada em empreendedorismo, criamos o “Círculo de Mulheres Empreendedoras”, onde nos reunimos uma vez por mês para discutir os desafios de ser mulher empreendedora no mercado atual e a importância de manter nossos negócios conectados com nossa alma, tudo isso dentro do suporte e o acolhimento que o Círculo de Mulheres proporciona, gerando sororidade, cumplicidade e espaço para a cura de nossas crenças e dores.

 

Para informações sobre os próximos eventos, acompanhe nosso calendário.

 

 

Gostou do assunto? Indico a leitura do livro “O Jeito Feminino de Fazer Negócios” de Lynne Franks (Ed. Larousse) para que você se aprofunde mais! ;)