Lendas, Fábulas e Mitos

Existe um antigo conto sobre um rei cujo povo estava se mostrando indolente e arrogante.

Insatisfeito com este estado de coisas, ele esperava lhes dar uma lição. Seu plano era simples: colocaria uma pedra bem grande no meio da estrada principal, bloqueando totalmente a entrada para a cidade. Depois se esconderia ali perto e observaria as reações dos súditos.

Como reagiriam?

Se juntariam para removê-la?

Ou desanimariam, desistiriam e voltariam para casa?

Cada vez mais decepcionado, o rei observou súdito após súdito deparar-se com o obstáculo e voltar atrás. Ou, na melhor das hipóteses, tentar sem muito entusiasmo antes de desistir.

Muitos abertamente queixavam-se ou xingavam o rei, a sorte ou lamentavam a inconveniência, mas nenhum conseguiu fazer qualquer coisa a respeito.

Passaram-se muitos dias até que um camponês solitário aproximou-se a caminho da cidade. Ele não virou as costas. Pelo contrário, forçou e forçou, tentando tirar a pedra do lugar. Então, teve uma ideia: procurou num bosque ali perto algo que pudesse usar como alavanca. Finalmente, voltou com um galho grande que havia talhado na forma de um pé de cabra e usou-o para desalojar da estrada a rocha maciça.

Debaixo da pedra havia uma bolsa com moedas de ouro e um bilhete do rei, dizendo:

O obstáculo no caminho é o caminho. Jamais esqueça: dentro de cada obstáculo existe uma oportunidade para melhorar a sua condição.

(retirado do livro “O obstáculo é o caminho” de Ryan Holiday)

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Imagem: Fonte desconhecida

Vem.
Conversemos através da alma.
Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos.
Sem exibir os dentes,
Sorri comigo, como um botão de rosa.
Entendamo-nos pelos pensamentos,
Sem língua, sem lábios.
Sem abrir a boca,
Contemo-nos todos os segredos do mundo,
Como faria o intelecto divino.
Fujamos dos incrédulos
Que só são capazes de entender
Se escutam palavras e vêem rostos.
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que somos todos um,
Falemos desse outro modo.
Como podes dizer à tua mão: “toca”,
Se todas as mãos são uma?
Vem, conversemos assim.
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos, pois, a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.

Texto extraído do livro “Poemas Místicos” – do brilhante poeta sufi Jalal Ud-Din Rumi, que viveu no século 13 na antiga cidade persa de Balkh, onde hoje é o Afeganistão – Editora Attar.

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